CRITICAS


Artigo
De Julinho Bittencourt ( Jornal ATribuna – Santos 11 de setembro de
2010)
Houve um tempo, não muito distante, em que assistíamos a filmes
nacionais munidos de toda a nossa indulgência. O mesmo vinha
acontecendo, em muitos casos, com o teatro santista. Como que por
encanto, parece que os dois têm ressuscitado com louvores. Um ótimo
exemplo, que mais do que dignifica a terra de Plínio Marcos, Ney
Latorraca, Beth Mendes, Alexandre Borges, Alessandra Negrini e muitos
outros, está em cartaz no foyer do Teatro Municipal e atende pelo nome
de O Que Terá Acontecido a Rosemary?
Trata-se de uma montagem heróica em vários sentidos. Com pequenos
apoiadores, pouquíssimos recursos e muita raça, o grupo consegue um
espetáculo de gente grande. Não se trata de nada tosco, improvisado ou
mal feito, mas sim de soluções simples e criativas, ousadas e de baixo
custo que funcionam muito bem. O palco do Municipal, por exemplo,
está em reforma, o que levou o grupo a organizar uma sala de espetáculos
no foyer do Centro de Cultura, no segundo andar. O resultado é um local
pequeno, aconchegante e bem decorado, envolto em tecidos e várias
peças de decoração que indicam os signos claros da trama e dos seus
personagens. O resultado leva a peça para muito perto do espectador, o
que é um ponto extremamente positivo no desenrolar do espetáculo.
Desde o início a platéia é instada a participar, sem causar nenhuma
espécie de constrangimento ao espectador. A metalinguagem e a quebra
da quarta parede são usadas e abusadas do começo ao fim.Tudo no
espetáculo se mistura, desafiando o que é nitidamente falso como
rascunho da realidade. E é assim, transformando o que havia contra em
pontos a favor, que o diretor André Leahum e os atores Luiz Fernando
Almeida,Júnior Brassalotti e Kadú Veríssimo, este também autor do
divertidíssimo e iluminado texto, conseguem muito mais do que boa
diversão. Em pouco mais de uma hora de uma ótima atuação, farsesca e
repleta de improvisos, uma direção ousada e frenética, um texto ágil e
inteligente, repleto de clichês assumidos, referências ao cinema, às
chanchadas e às novelas de TV, a platéia morre de rir e se apaixona
perdidamente pelas excentricidades, maneirismos e exageros dos
personagens que se multiplicam entre os atores.
Brassalotti vive Betty Blue, a estrela histriônica pra lá de
malvada.Seu papel fica no centro da trama. Tudo passa pelo seu
personagem,que ele sustenta coma dignidade da estrela
decadente e inescrupulosa. O tempo que ele imprime,
alternando pequenas interjeições com gestos grandiosos é
impagável. Seu contraponto é a irmã, Rosy Blue, atriz frustrada
e invejosa encarnada por Kadu Veríssimo também de forma
magnífica. Suas entradas são misteriosas, cercadas de
expectativa que ele sustenta e desaba todo momento, alternando
de maneira frenética concentração e improviso, riso e drama.
Em torno dos dois, preenchendo todos os espaços possíveis e
imaginários,o ator Luiz Fernando Almeida se desdobra em
vários papéis. Com muito talento, eleva a temperatura a cada
entrada, alternando pequenos detalhes faciais e de gesto que
definem para a plateia qual é qual de seus personagens de
forma instantânea. A trilha,compila da por Níveo Mota, é um
caso à parte que acompanha o público desde a sala de espera.
Pérolas do cancioneiro popular, de Vicente Celestino a Cláudia
Barroso, passando por temas de Hollywood dão o clima exato
de chanchada. Outro detalhe a se destacar são os figurinos,estes
assinados pelo próprio Kadu. A cada entrada dos extravagantes
modelitos, a plateia reage com uós e uhs incontroláveis,
acentuados pela maquiagem pra lá de derramada de Fernando
Pompeu. No final das contas, o que se imaginava apenas mais
um espetáculo besteirol, o que também assumidamente é, se
mostra um teatro inteligente e repleto de signos. Com isso,
André Leahum,tal e qual um maestro, conduz atores e plateia
numa sinfonia de inúmeras e divertidíssimas referências que
encantaram o mundo no último século. Referências estas que
sobrevivem e se projetam para o futuro no seu belo espetáculo.
A PEÇA FICA EM CARTAZ ATÉ DIA 26, AOS SÁBADOS E
DOMINGOS, ÀS 21 HORAS, NO TEATRO MUNICIPAL.
INGRESSOS A R$10,00 E R$ 20,00.
Artigo
De Julinho Bittencourt ( Jornal ATribuna – Santos 11 de
setembro de 2010)




O Que Terá Acontecido a Rosemary?
Por cifrascenasetctal
Madeleine Alves
Ainda que críticos e acadêmicos por vezes sintam ulcerações
quando ouvem falar do que é assumidamente popular, não há como
negar que o simples e o escrachado tem o seu lugar garantido o
coração do público, qualquer que seja ele. Nada melhor do que
deparar-se com um clichê e ainda encontrar nele motivos para rir e,
por algum tempo, sair do lugar-comum de nossas vidas.
O Que Terá Acontecido a Rosemary? é certamente uma dessas
peças de teatro que nos deixam com a alma leve e o maxilar
doendo. Com realização de “Casa 3 de Artes” e co-produção de “A
Confraria Produções Artisticas” e “Superbacana Produções”, a trama
é uma paródia de filmes como ‘O Que Terá Acontecido a Baby Jane’
e ‘A Malvada’, e bebe do alambique das antigas chanchadas do
cinema brasileiro, dos programas de auditório, do besteirol e dos
espetáculos de circo.
A peça gira em torno do embate entre as irmãs Rosy Blue, que
deseja ser uma atriz famosa, e Betty Blue, que é uma atriz famosa
mergulhada em ego, em suas peripécias em busca de fama,
sucesso e reconhecimento.
Os atores Junior Brassalotti, Kadu Veríssimo e Luiz Fernando
Almeida simplesmente captam a atenção do público do início ao fim,
interagindo com ele e mandando ver no timing do humor. Um outro
destaque são os excelentes figurinos — principalmente as
exuberantes roupas de Betty Blue —, a trilha sonora pra lá de,
digamos, “expressiva” e as intervenções audiovisuais que se
sucedem durante o espetáculo.
Critica publicada em
www.cifrasecenasetctal.blogspot.com






Amanhã, 04/set, às 20h, a Casa 3 das Artes dará continuidade ao 52º Festival
Santista de Teatro com a apresentação gratuita “O que terá acontecido a
Rosemary?”. O espetáculo já está em cartaz nos fins-de-semana no Foyer do
Teatro Municipal de Santos – Avenida Pinheiro Machado 48.
Crítica. Desde o último ano, tenho um ar inexpressivo em muitas conversas,
principalmente, o tom cético faz parte de minhas facetas ao assistir os últimos
espetáculos de comédia. Nunca me diverti tanto com a obra “O que terá
acontecido a Rosemary?”. É um estímulo para quem quer atuar na Cidade. Fiz
uma leitura da peça como uma referência de muito agrado. A concepção do Teatro
de Revista é realmente atualizada pela atuação do elenco que tem um afinado
entrosamento. Referências da modernidade e da época, o entrosamento do
recurso digital na peça e o ambiente de proximidade entre platéia e atores são os
principais pontos que, de longe, é a melhor montagem de peça teatral em cartaz.
O improviso do trio e as perspicácias da direção ao trabalhar na expressão dos
atores a cada momento na cena fazem com que haja um conjunto muito bem
amarrado de situações que dê graça ao público. É raro ver um espetáculo santista
que consiga segurar o ritmo do humor em toda sua narrativa: “O que terá
acontecido a Rosemary?” alcança esse objetivo.
Cacos e ironias além de uma boa expressão corporal das personagens se
destacam na obra. A trama já é batida, similar ao enredo principal da novela A
Favorita: duas garotas que crescem se rivalizando pela fama e apoiadas por um
agente. Só que dessa vez, as garotas são irmãs e a própria mãe delas é quem se
torna agente de apenas uma das aspirantes ao sucesso nos palcos.
O melodrama, de fato, ajuda a endossar ainda mais a comicidade das cenas.
Quando sentei-me à frente do palco, o texto não continha muita força, repetições
de falas e pensamentos desencadeados em falas simples e diretas demais. O
espetáculo se concentra mesmo na habilidade da companhia teatral que elabora
um roteiro novo a cada apresentação e recria o espetáculo fortalecendo o texto.
O cenário e a composição do ambiente vão de encontro ao texto: também são
simples, concisos. O humor do elenco, por sua vez, é reforçado pelos efeitos
digitais e de iluminação, pelos inúmeros adereços e acessórios – tanto no
figurino, quanto no cenário. E tudo se torna muito bem integrado, entretendo e
fazendo da platéia uma triangulação perfeita e com cumplicidade. Dá para se
entender porque a Casa 3 das Artes conseguiu deixar o espetáculo em temporada
no principal teatro de Santos.
Lincoln Spada
Critica publicada em
www.opalcosantista.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário